O Forró Roots pra mim é um projeto quase que identitário. Parte do meu crescimento pessoal nos tempos idos recifenses, quando eu amadurecia nos palcos da vida, foi tocando Forró. Lembro-me bem das comemorações do centenário de Luiz Gonzaga no ano de 2012. Houve uma explosão de acontecimentos culturais em Pernambuco: concertos, lançamentos de livros, peças teatrais, abertura de museus etc. Tudo com o objetivo de celebrar a obra do Rei do Baião. Eu já tinha aspirações de compositor naquela época e esbocei umas primeiras melodias na companhia do meu então parceiro de composições Tiago Patriota. Eu não queria ficar de fora de toda aquela euforia histórica e reconhecer um personagem que marcou tão fortemente a construção da música moderna brasileira e a identidade do Nordeste do Brasil tal como a conhecemos hoje.
Foi com esse espírito que me agarrei ao violão quando soube da ideia do Forrobodó ainda em Boston no encontro com Beto Camará e Rafael Picolotto. Então, percebi a riqueza daquela proposta. Mais um desafio se apresentava diante de meus sonhos de cantador. Estar em Nova Iorque traz esse tipo de desafio: experimentar novas composições e sempre buscando apurar a qualidade musical.
Também não posso deixar de registrar a emoção de cantar para o público do Forró em Nova Iorque que sempre me cativa de uma forma única. A alegria e disposição dos instrutores de dança está para a atenção apaixonada dos ouvidos mais atentos que muitos vezes param pra ouvir nossas melodias e poemas, nossas vibrações e toda a energia envolvida entre palco e platéia. O Forró de Nova Iorque sempre se destaca pela por aproximar artistas e audiência. Gosto disso. Não apenas gosto, mas acho imprescindível tanto nos shows como nas aulas: as distâncias são eliminadas e todos tornam-se artistas e espectadores. Isso é o que mais me toca no Forró de Nova Iorque.
Por isso, meu povo, mal posso esperar para estar no Forróbodó Festival em Nova Iorque! Estarei na abertura interpretando a composição “Forrobodó em Nova Iorque” de minha autoria, com arranjos do maestro Rafael Picolotto de Lima e no Domingo encerrando o Festival com o Forró Roots, direto de Boston. Nosso matulão está cheio de mistura: é forró com samba, forró com maracatu e novidades autorais no meu último CD Arrocha o Nó. Quero ver a galera apertando os cintos e arrochando o nó pra mais um grande evento que promete ter muitas surpresas e principalmente a qualidade de representar a música brasileira em terras novaiorquinas. Queremos pluralidade, queremos a mistura cabocla de um forrobodó, designo que tinha intenção de depreciar, forrobodó, bagunça, baile popular a golpe de bumbo, mas hoje e logo mais será a nossa bagunça brasileira preferida. será o nosso Forrobodó. Quem vem nessa mais eu?
SOBRE O AUTOR - Tarciso Alves é cantor , compositor e violonista. Cresceu no interior de Pernambuco influenciado pela poesia popular, a música e as danças folclóricas. Muda-se para o Recife aos 19 anos e estuda História até decidir pela música e em 2010 liderar o Forró Patchoullí. A partir de então ingressa na música nordestina como compositor passando por João Pessoa e hoje é radicado em Boston nos EUA.
Revisado por Silvia Sampaio de Alencar.